quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Palavra, Poesia e Cultura

Como parte das atividades do II Encontro Anual dos Poetas Del Mundo – fazendo Arte em Búzios, realizado esse fim de semana em nossa Aldeia, tivemos na Escola Municipal Vereador Emigdio Gonçalves Coutinho uma mesa redonda cujo tema foi “A importância da Poesia no Terceiro Milênio”. Chegada a minha vez, optei por falar sobre a PALAVRA. Lembrei à platéia que a PALAVRA poderá ter conotação poética se, por exemplo, vier carregada de sensibilidade e objetividade – pois Poesia é, quase que instintivamente, um texto sensível, conciso e que toca os nossos sentimentos. Mas a PALAVRA também tem outros significados não tão poéticos – por exemplo, quando um operário é comunicado de sua demissão, ou quando um enfermo recebe a informação que seu mal é terminal. Não importa. O importante, a meu ver, é jamais alienar a PALAVRA de seu Significado Justo. E falando da Juventude Buziana, disse eu que o essencial é que os jovens aprendam a ler e escrever bem, que saibam decodificar o significado de uma frase dita por alguém, de uma reportagem no jornal, de uma notícia na televisão, de uma nota em um blog, e quando “conversam” através do computador nos Facebooks & Orkuts da vida.

Obviamente o Professor de Português deve ensinar seus Alunos a ler e escrever bem. Mas é meu ponto de vista que os demais Professores também devam estar preparados para ensinar a nossa língua. Então, o Professor de Matemática, por exemplo, deveria ensinar nossa língua e Matemática, etc., para que os Alunos encontrem na Escola um ambiente propício para o aprendizado e domínio da ferramenta básica e essencial para uma boa comunicação – o Idioma Português. É preciso criar em cada Escola uma NUVEM (conceito atualmente em moda na internet) onde boa parte do esforço intelectual de Alunos e Professores se traduza em um bom entendimento do idioma – condição sine qua non para que nós, Homo sapiens que pretendemos ser, alcancemos um patamar mais elevado, o de Homo loquens – gente que sabe conversar, que sabe falar bem, que ENTENDE E SE FAZ ENTENDER.


Mas voltando à Poesia. É difícil, para a Poesia, concorrer pela atenção dos jovens com os ipods, computadores, netbooks e notebooks, PCs, tabletes eletrônicos, videogames… e sobretudo é difícil competir com a massificação televisiva a que todos nós, sem exceção, estamos diariamente expostos. Então, devemos festejar intensamente a real existência da Poesia aqui em Búzios, e não da praticada apenas pelos poetas já crescidinhos. Festejemos o fato que, aqui em nossa Península, alguns jovens estão praticando de forma viva e dinâmica essa forma sensibilíssima de expressão humana. Que o digam a Chiara e a Stella, adolescentes e verdadeiras poetisas, apresentadas a mim durante as festividades dos Poetas Del Mundo na Praça Santos-Dumont. Parabéns pelas belíssimas poesias, meninas… e parabéns a todos os demais participantes de recente Concurso de Poesia da nossa Rede Pública de Ensino. Se tivesse qualificação para dar algum conselho a esses meninos e meninas, diria: não esmoreçam, avancem em seus estudos, procurem conhecer melhor o nosso idioma. Acreditem, perseverem, e os resultados serão excepcionais e valerão para toda a vida. Façam poesia, sim, sempre; mas sobretudo vivam poeticamente, curtindo e compreendendo as belezas que estão bem diante de vocês, nesse início de vida.
 
Mas antes do fazer da Poesia, é preciso que nos entendamos verbalmenteque nada é mais triste do que ouvir alguém dizer alguma coisa e entender essa coisa pela metade, ou simplesmente nada entender. Então, que os jovens tenham maior oportunidade de escrever, e perguntem, perguntem sempre que uma PALAVRA lhes pareça estranha, ou quando não compreenderem um conceito ou uma idéia. E que os Professores de todos os níveis e disciplinas se juntem num esforço conjunto que resulte em Alunos mais desejosos de ler e escrever, que sintam prazer em ler, ler e sempre ler! É preciso que os jovens (e todos nós, marmanjos também, porque não?) leiam mais, descubram os tesouros ocultos da boa leitura e transportem suas idéias para o papel, ou para o computador. Com isso, o universo mágico da leitura se abrirá ainda mais, se ampliará em seu leque, permitindo mergulhos em países distantes e misteriosos, em paisagens maravilhosas, mágicas, em um mundo rico e sempre surpreendente… E que venham mais Concursos de Redação, de Textos Literários, de Poesia! Tenho certeza que esse é um caminho bom. Que nossos Professores e Professoras, profissionais tão devotados e bravos, tão sacrificados, que batalham cotidianamente para o aperfeiçoamento pessoal, intelectual e social da nossa juventude buziana, tenham à sua disposição todas as condições, materiais e sobretudo financeiras, para realizar ainda mais eficazmente a mais nobre tarefa a que um ser humano pode aspirar – a orientação e o ensino dos jovens.
 
Na Academia de Letras e Artes Buziana, nossa meta essencial é promover a Cultura de Búzios através de ações proativas. E muitas dessas ações são e serão orientadas preferencialmente para a juventude buziana. Um dos objetivos mais queridos por nós Acadêmicos é que tais ações resultem em MAIOR CONSUMO DO LIVRO. Que toda a comunidade leia mais. Na ALAB, nos esforçaremos sempre para que a comunicação entre os jovens fique ainda mais sintonizada e afinada. E para que o fosso profundo que é a questão da comunicação entre jovens e adultos seja eliminado por uma ponte sólida e permanente, chamada COMPREENSÃO DA PALAVRA.

Modificar comportamentos, em se tratando da juventude na Escola, é tarefa PERIGOSA – este é um esporte verdadeiramente radical. Com uma pequena GRANDE diferença: os praticantes desse esporte – os nossos queridos Professores, sobretudo – tentam por todos os modos realizar tal prática, mas quem pode se ferir, quem pode “quebrar a cara”, e muito, são os Estudantes. Crianças e adolescentes são personalidades plasmáticas, que mudam e estão sujeitas a todo tipo de influência. Por isso, acredito que nas nossas Escolas a orientação oferecida à juventude deva ser planejada de maneira consistente e consciente, estruturada e fundamentada, discutida e organizada, calorosa e amiga, e centrada no Aluno, para que a nossa NUVEM, envolvendo todos os atores do processo – Alunos, Professores, Pais e a Comunidade em geral – se transforme num Caldeirão de Cultura, onde fervilhem idéias originais e atos criativos e atividades positivas, e onde sejam descortinados novos cenários e novos mundos… alimentando num processo contínuo a nossa juventude e os demais participantes e, por extensão, a comunidade buziana como um todo.

Em última análise, a meta dessa Nuvem de Conhecimento e de Cultura é a formação de cidadãos conscientes, éticos, informados e capazes de decodificar com clareza o constante bombardeio de informações desse nosso mundo moderno. Pessoas que saibam LER SUA CIDADE. Cidadãos participativos que entendam e se façam entender objetivamente e que estejam capacitados para escolher conscientemente os melhores rumos para sua Cidade e para suas vidas. É isso o que penso a respeito.

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